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O Super Projeto Secreto Ninja

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Ruff Ghanor 2

Este é o segundo post sobre o meu próximo romance. Não leu o primeiro? Imperdoável!

Então estava decidido. A proposta do Jovem Nerd e do Azaghal era que eu escrevesse a história de Ruff Ghanor, o rei e maior herói do reino de Ghanor, cenário dos Nerdcasts de RPG. Como falei antes, eu ouvi os programas várias vezes. Retirei deles todas as (poucas) informações sobre Ruff. Recebi mais alguns parágrafos sobre o herói, que tinham sido publicados recentemente no livro ilustrado Crônicas de Ghanor.
Eram mesmo poucas informações. E isso era ótimo!

Eu já havia trabalhado com um cenário pré-existente na Trilogia da Tormenta, meus primeiros romances. Contudo, havia duas diferenças principais nesses projetos. A primeira era que Arton, o mundo de Tormenta, já contava com muito material publicado. Ghanor ainda precisava ser todo construído. A segunda era que os protagonistas da Trilogia eram todos criações minhas. Agora, escrevendo sobre Ruff Ghanor, eu trabalharia a partir de um personagem já criado.

O que sabíamos sobre Ruff? Não muito. Ele era um clérigo, devoto de São Arnaldo. Era descendente de uma linhagem esquecida de reis. Ele mesmo fora um rei, e o reino havia sido batizado em sua homenagem. Mas, acima de tudo, nas palavras do Alexandre durante o Nerdcast, Ruff Ghanor era um “dragonslayer”. Um matador de dragões.

Quem ouviu os Nerdcasts sabe que o perigoso dragão Zamir estava aprisionado na forma de um feiticeiro humano. E quem tinha feito isso com ele? Ora, Ruff, é claro! Na minha cabeça se descortinava essa inimizade ancestral. Um clérigo contra um dragão. O que teria originado isso? Apenas os conflitos de ponto de vista entre os dois? Um Lawful Good e o outro Chaotic Evil? Parece meio fraco, não? E, se Ruff era mesmo um dragonslayer, por que ele simplesmente não matou Zamir? Será que não foi capaz?

Ou será que havia uma explicação maior por trás disso tudo?

Continuei. Era necessário pensar também sobre São Arnaldo. Sim, o santo permaneceu no romance, mesmo tendo se originado de uma piada interna do grupo do Jovem Nerd. A presença de santos não é muito comum em mundos fantásticos de RPG. De cabeça, só lembro de St. Cuthbert, do mundo de Greyhawk (que de santo só tem o nome, porque é um deus). Ou talvez dos imortais do mundo de Mystara, seres que ascendiam e faziam o papel de deuses neste cenário. Ou, é claro, dos Ascendidos e Proles dos Reinos de Ferro, talvez o mais próximo de santos que exista na fantasia medieval RPGística. Exceto por esses, santos não costumam aparecer muito.

O que significava a presença de um santo? Para mim, estava claro — neste mundo, os deuses seriam um pouco inacessíveis. Estariam muito acima dos mortais, e não iriam se meter o tempo todo. Assim, as pessoas rezavam para santos. Santos seriam intermediários entre o mundo e os deuses. Entidades que os mortais comuns entenderiam melhor. Seriam o alvo de suas preces e adoração.

Faltava, é claro, incorporar a piada meio escatológica (mas fundamental) sobre a estátua de São Arnaldo vomitar arroz. Por que isso acontecia? Ora, porque São Arnaldo é um santo dos miseráveis. Seu próprio nome contém um erro gramatical — o certo seria “Santo Arnaldo”. São Arnaldo seria um santo dos pobres, um santo que alimenta os famintos, que é conhecido pela maneira como pessoas ignorantes o chamavam em vida.

Então nosso herói, que ascenderia a rei, era um clérigo devotado a um santo misericordioso, que alimenta os desvalidos. Como ele chegou de monge de uma ordem humilde a essa figura imponente de armadura completa que está na imagem acima? Ruff estava ganhando forma e personalidade na minha mente.

Mas eu ainda não tinha a trama do romance pronta, e continuei vasculhando o que havia sobre Ruff e o reino de Ghanor, em busca de informações, pontas soltas a serem atadas e material para começar. Súbito, um detalhe da história dos Nerdcasts de RPG me chamou a atenção. Uma parte da trama, entre tantas que havia. Aquilo transformou-se no âmago do romance, na espinha dorsal da história de Ruff Ghanor. O que é este elemento? Bem, não posso contar ainda. Porque ele é revelado na última frase do livro.

Vocês conseguem esperar para saber, não?

Fiz a proposta da história com base neste elemento fundamental (vamos lá, a curiosidade nem pode ser tanta) e recebi de volta um “sim” entusiasmado! A partir daí, a trama se construiu facilmente, sempre com um bom diálogo com Alexandre e Deive. Eles sugeriam elementos, detalhes, até mesmo personagens. Foi uma parceria muito boa.

Por fim, restava decidir como esta história seria contada. Eu tenho o hábito de inserir muitas tramas paralelas em meus livros. Gosto de incluir capítulos centrados nos vilões e nos coadjuvantes, além de vinhetas sobre “figurantes”. Mas meu amigo Eduardo Spohr há algum tempo vinha me incentivando a fazer um livro extremamente focado em um só protagonista. Eu decidi que chegara a hora.

A história de Ruff Ghanor seria contada através dos olhos do próprio clérigo. Iríamos nos aprofundar nele. Começaríamos com sua primeira memória, e acabaríamos apenas com sua morte. Este livro não seria apenas uma passagem na vida de um herói — seria sua vida inteira.

É claro que um livro só provou-se pequeno demais para isso, e acabou virando uma trilogia. Eu já mencionei que tenho um ligeiro problema de escrever muito?

Por fim, quando comecei efetivamente a escrever, anunciei no Twitter que começara um romance novo. Mas eu ainda não podia revelar nenhum detalhe. Assim, apelidei-o de Super Projeto Secreto Ninja.

O Super Projeto Secreto Ninja avançou. Por fim, revelamos que seria um romance para a Nerdbooks. E, após vários meses, o próprio Jovem Nerd revelou o título. A esta altura, o livro já estava na gráfica, quase pronto para ser lançado.

Não era mais o Super Projeto Secreto Ninja, por mais que eu gostasse deste apelido. Não era um mero projeto. Era uma lenda.

A lenda de Ruff Ghanor.


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